quinta-feira, 11 de junho de 2009

Política: e eu com isso?

Por Gabriela Gomes


Política é uma coisa chata. Essa é a opinião geral. Não vou entrar no mérito do quão interessantes os assuntos políticos podem ser. Sim, eles são, por vezes, muito chatos. Mas são importantes. Creio que seu valor cresça na proporção inversa da sua capacidade de entreter. Um cidadão que pretende manter esse status tem, no entanto, de conhecer política.
No caso dos jornalistas, a situação se agrava. Um jornalista pode até não gostar de política – realmente, são poucos os que gostam – mas não pode deixar de conhecer o universo político. Infelizmente, o que se vê são jornalistas cada vez menos politizados, envolvidos em um mundo de pseudo-intelectuais que só escrevem sobre cultura (leia-se entretenimento) e esportes. Não conhecem História, quem os governa nem a Constituição do país.
Sim, eu sei que jornalista não é estudante de história, muito menos aluno do curso de direito. No entanto, os representantes dessa classe devem ter conhecimentos básicos da História do país e da Constituição. Como o jornalista irá exercer seu papel fiscalizador sem ter conhecimentos sobre o que irá vigiar?
Um exemplo recente da falta de articulação política da profissão foi o julgamento da Lei de Imprensa que deixou uma lacuna enorme na legislação brasileira, principalmente no que diz respeito ao que seria o papel exclusivo da profissão de jornalista. O julgamento não foi técnico; foi político. A batalha perdida pelos jornalistas foi, assim, uma batalha política.
Não culpo a falta de vontade de alguns poucos. Houve jornalistas e alunos se mobilizaram, fizeram manifestos, mas este foi um número pequeno. Ademais, desde quando fazer política é apenas sair às ruas para manifestar? Já faz 17 anos do impeachment do ex-presidente e agora senador Collor.
O mundo não é mais o mesmo. A prova disso é que o deputado Sérgio Moraes, do Partido dos Trabalhadores (PT) disse: “Estou me lixando para a opinião pública. Até porque a opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Nós nos reelegemos mesmo assim”. A política, hoje, é feita por meio de alianças, por negociações baseadas na troca de interesses. A classe dos jornalistas tem moeda de troca a oferecer; não sabe, entretanto, negociar, pois desconhece os processos políticos e a própria lei.
O quarto poder encontra-se seriamente prejudicado. Como o jornalismo irá sustentar esse título se faltam conhecimentos básicos a seus futuros profissionais e estes não demonstram a menor vontade de aprendê-los? Dessa forma, a profissão, em seu âmbito fiscalizador dos excessos do Estado, tende a se tornar obsoleta.
É hora de fechar os olhos para toda a chatice teórica e prática que a política traz consigo. Os jornalistas e cidadãos têm de ver além de toda a retórica que torna o assunto desinteressante e promover uma interpretação extensiva dos acontecimentos, pesquisar os reais motivos de algumas situações, para poder defender seus interesses.

4 comentários:

  1. A-D-O-R-E-I seu txt, Gabi!!!! Levinho, levinho, como orientou nossa Madame Tass... hehehe Me fez lembrar o 'analfabeto político' de Bertolt Brecht:

    "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

    O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais".

    Bjuus. ;-)

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  2. Muuuito bom o seu texto, Gabriela.
    Realmente é uma burrice das grandes pensar que podemos viver sem a política, sendo ela o principal objeto de nossas vidas.
    Parabéns pelo o recado!

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  3. Caraca, fiquei passada com o que esse Sergio Moraes falou, mas de certa forma tem um pouco de razão. Acontece as coisas, a galera mostra na mídia e, tempos depois, esse politico volta ao poder. Muito bom a forma como vc questionou se é bom realmente a gente ficar falando que politica é chata e tal, ja que todo mundo precisa, principalmente nós jornalistas. É preciso ter um certo interesse e talvez, entendendo melhor, esse conceito que criamos mude.

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  4. Concordo com tudo o que foi falado, também acho que é uma obrigação como cidadãos nós termos conhecimento sobre o que acontece na política. pois as decisões que lá são tomadas afetam diretamente nossas vidas. e principalmente nós que somos estudantes de jornalismo precisamos ter ainda mais interesse por esse assunto.

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